Se você já pensou em ter um microfone condensador, com certeza já escutou falar do tal do Phantom Power. Mas você sabe para que ele serve? Nesse post iremos desmitificá-lo! Falaremos sobre o seu surgimento, funcionamento, dicas de uso e explicaremos o motivo pelo qual é tão temido.
O rádio é um dos mais antigos meios de comunicação de massa. Ao longo dos anos ele se desenvolveu bastante e, apesar disso, muitos imaginaram o seu fim com a chegada da internet. Mas ao contrário, a mídia online potencializou o rádio ainda mais.
Hoje, você pode criar uma rádio de maneira tradicional ou virtual. A principal diferença que se observa logo de início é a menor quantidade de burocracia para montar uma rádio online.
Para funcionar, basta escolher a plataforma de streaming de sua preferência e que atenda às suas necessidades. Elas já vão contar com todo o suporte para colocar sua programação no ar. Além disso, a rádio online é mais barata e possui um alcance potencialmente maior.
Outro ponto claro de diferença é tipo de equipamento que cada uma pede. As rádios online exigem menos equipamentos, o que torna o processo mais viável.
Mas um equipamento que não pode faltar nessa modalidade é um microfone de qualidade, porque isso fará bastante diferença no resultado.
Os tipos de microfones
Apesar de não ser uma tecnologia nova, ainda existem muitos operadores de som que têm verdadeiro medo de trabalhar com microfones condensadores, que precisam utilizar recursos de Phantom Power, ou a alimentação fantasma.
Muitos acreditam que há risco de queimar outros equipamentos, ou dar choque no usuário, que causará algum dano ou interferência, entre muitas outras suspeitas.
Para entender esse recurso, e eliminar de vez todas essas dúvidas, é preciso compreender o funcionamento original dos microfones.
Como funcionam os microfones?
Os microfones podem ser divididos em dois tipos, que diferem pela construção da cápsula: os dinâmicos e os condensadores.
Os microfones dinâmicos possuem o mesmo princípio de fabricação de um alto falante. Quando o som é emitido, este atinge o diafragma, que movimenta a bobina que envolve um imã, gerando uma voltagem que imita as condições sonoras captadas. Essa voltagem é conduzida através dos cabos até a mesa de som que o reproduz e amplifica.
Mas nos microfones condensadores (ou eletretos ou ainda capacitivos) a construção é diferente. Existem duas placas muito finas que são fixadas bem próximas uma da outra. Essa, inclusive, é a razão do dos condensadores serem muito mais frágeis do que os microfones dinâmicos.
Uma dessas placas faz o papel do diafragma, captando o som, e com a variação da distância causada pelas ondas sonoras nas placas, a voltagem varia de maneira parecida. Como as placas são polarizadas, certamente existe necessidade de haver energia, que deverá ser fornecida de alguma forma.
Além das placas polarizadas, os microfones condensadores possuem um pequeno circuito pré-amplificador que é utilizado para aumentar o nível do sinal de forma suficiente para que este seja transmitido pelos cabos. E esse pequeno circuito também precisa de energia para funcionar.
Conhecendo essas informações, passamos a descobrir as possíveis fontes de energia para os microfones condensadores, que podem ser pilhas, baterias de 9V ou o Phantom Power.
O Phantom Power
O Phantom Power é uma alimentação de energia DC para microfones e equipamentos que necessitem de energia para funcionar. Ele é chamado dessa forma porque não existe uma fonte de alimentação externa obvia para o microfone. A fonte de alimentação é invisível já que o mixer envia tensão para os fios de maneira remota.
As mesas profissionais de som normalmente possuem esse recurso muito útil, que pode ser acionado por uma ou mais chaves. Frequentemente o Phantom é fornecido em até 48V, e o microfone condensador utiliza apenas a quantidade de energia necessária para seu funcionamento, e descarta o restante sem que haja qualquer prejuízo.
Para que o Phantom Power possa funcionar corretamente é necessário existir um sistema balanceado, ou seja, um cabo coaxial duplo (cabo balanceado), com dois condutores internos mais uma malha (positivo, negativo e terra), e também um conector balanceado (3 pinos, XLR ou P10TRS).
A tensão é enviada pelos condutores (ambos são “positivos” para o Phantom) e retorna pela malha (sempre “negativa”). Em mesas de som que contam com conectores XLR para as entradas de MIC e P10 para LINE, o Phantom só é habilitado nos conectores XLR do canal, ainda que se use conectores P10 TRS no LINE. Alguns microfones podem ser alimentados por Phantom Power ou por pilhas/baterias, em geral com a fonte de energia sendo selecionada por chave.
Os principais problemas apresentados na utilização do Phantom Power na verdade estão relacionados aos cabos que, se estivem mal feitos (mal soldados, curtos demais ou fora dos padrões necessários), podem gerar ruídos e até mesmo queimar os equipamentos.
A história do Phantom Power
Desde a apresentação do telefone com discador giratório no ano de 1919, a alimentação Phantom Power já era utilizada. Com o lançamento do primeiro microfone transistorizado do mundo, o Schoeps CMT20, no ano de 1964, iniciou-se a utilização comercial. O Schoeps CMT20 funcionava com alimentação de 8 a 12V.
No ano de 1966, foi apresentado pelos estúdios da NRK Norwegian Radio Corporation, a Neumann, um novo tipo de microfone transistorizado, o KM84. Na época, a rádio já possuía um sistema de baterias 48V para luzes de emergência, então essa alimentação acabou sendo utilizada para os microfones, tornando-se, mais tarde, o padrão de tensão de áudio.
Como ligar e desligar o Phanton Power e evitar riscos?
Uma dica importante para a utilização do Phantom Power é que os microfones devem ser conectados antes do recurso ser acionado, caso contrário problemas podem ocorrer. Isso acontece porque, se ligarmos o microfone a um cabo já alimentado pelo Phantom (portanto já há energia) pode haver centelhamento, assim como acontece quando conectamos um aparelho elétrico já ligado à tomada de energia.
Alguns aparelhos são muito frágeis e esse centelhamento pode causar a queima do microfone ou da mesa de som. Dessa forma, a maneira correta é fazer todas as conexões dos cabos e somente no final acionar o Phantom Power. E ao final, primeiro desligue o Phantom, espere cerca de 1 minuto (até a energia residual desaparecer) e então desconecte os microfones.
Uma outra dica muito importante é se certificar de que a opção de Phantom Power da sua mesa de som está desabilitada caso você utilize algum microfone dinâmico. Conectar microfones dinâmicos em conectores com Phantom Power ativo muito provavelmente irá resultar na queima do dispositivo.
Ninguém precisa ter receio de utilizar a Phantom Power, mas é essencial saber usar corretamente o recurso. Se conhecermos os princípios de funcionamento e utilizarmos cabos dentro do padrão, não há risco algum, e os benefícios do uso do recurso serão muitos!